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Da Fábula do Empreendimento ao Empreendimento Inteligente – Parte II

Continuamos aqui a fabula do empreendimento, que tem como objetivo visar o processo do empreendedor comum para o inteligente. Escrito por Jorge Brognoli, ,consultor em MI, veja aqui a continuação dessa história e tire suas próprias conclusões sobre como agir para se tornar um gestor inteligente.


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O EMPREENDEDOR – O EMPREENDIMENTO

Quando começou a distinção do papel específico e com que palavras se exprimem a idéia do empreendedor? Se buscarmos um entendimento rápido, vamos ao dicionário e lá esta: empreendedor, adjetivo de ativo; arrojado; aquele que empreende. Por sua vez, empreendimento quer dizer empresa; organização; iniciativa. O mais importante, no entanto, é que nada disto tem sentido sem o primeiro ato que é o de empreender, que significa tentar; iniciar; começar; ter iniciativa. Esta é com certeza uma verdade que se aplica, sobretudo, para reflexão e entendimento sobre o conceito porque o nosso pensamento modela o que vemos. Qual o benefício que temos ao conhecermos estes conceitos? É que nós podemos fazer a distinção entre pensamento, ação e posse.

Embora possamos considerá-los complementares, poderíamos aceitar a convivência deles como opostos, pois com certeza você conhece alguém que ambiciona o sucesso, mas ao mesmo tempo parece trabalhar para o fracasso. Comportamentos contraditórios não são raros e existem em todas as atividades, em toda ação em equipe ou individual. Neste sentido, convidamos você a apreciar a existência dos opostos, pois cria a possibilidade de desenvolver diferentes linhas de pensamento, além do que, os opostos não só coexistem como um pode aprimorar o outro.

Vamos começar assim: Somos, em boa parte o que pensamos, cada um é um eu, sendo, pois, um mundo por si, que é único, intransferível, dinamizado pela busca do crescimento e desenvolvimento para ser e existir, e neste sentido, o movimento empreendedor encerra uma dialética entre o pensar, o agir e o possuir.

O pensar é o exercício cognitivo de captação de um conhecimento, cujo desfecho de raciocínio se manifestará em uma elaboração conceitual de um objetivo. Quem pensa forma idéias na mente, e neste caminhar imagina, considera e descobre novas formas ou maneiras de condução, como dizia o filósofo René Descartes: “Com a palavra pensar, entendo tudo o que sucede em nós de tal modo que o percebemos imediatamente por nós mesmos, portanto, não só entender, querer, imaginar, e sim também sentir é o mesmo que pensar”. Sentir-se empreendedor é o princípio básico do pensar em empreender, pois somente assim poderá chegar ao âmago da coisa através da intelectualização nítida e consciente, compreendendo o que vê, analisando e interpretando o que sente.

Há o empreendedor pelo esforço consciente voluntário do intelecto treinado pelo conhecimento científico, cujo processo de obtenção sistematizado por diversas disciplinas de várias áreas do conhecimento, permitira um melhor planejamento e o funcionamento automático do sentimento “natural” em suas respectivas relações com o mundo dos negócios onde está pensando em se inserir. Da afinidade natural com o processo de planejamento estratégico de uma oportunidade detectada, ele mantém um relacionamento positivo com as leis que sustentam toda expressão do objetivo a ser empreendido.

Mas há também aquele que se aplica diligentemente ao processo de pensar um empreendimento sem a compreensão das forças ocultas na natureza administrativa e as leis do mercado, com o objetivo de empreender algo que sirva para ele mesmo e a seus dependentes. Isto lhe impõe um risco maior, porém, estes empreendedores acrescentam a esses esforços um dom natural de compreensão dos negócios, um raro grau de dedicação, procurando aguçar sua percepção dos fatos naturais e decorrentes do seu dia-a-dia. Podendo ser colocado como um empreendedor natural, é aquele que mantém relações negativas com o mundo das teorias dos negócios e se submete à influência proveniente de coisas e pessoas, bem como uma inteligência desencarnada pelo próprio empreendimento, pois entrou no processo como saída para um problema de atendimento as necessidades humanas suas e dos seus dependentes.

Estes constituintes reais do mundo do empreendedorismo são, portanto, pensamento e o movimento, através do qual pretendem sair do vazio, que consideramos como um sentimento de privação de um bem exterior que desejam possuir com certa intensidade, procurando conceber sem inicialmente poder compreender.

Este sentimento de privação se pode pressupor como causa da alteração do estado de movimento do seu pensamento, tendendo a continuar esse movimento em linha a uma meta, sonho ou idéia, podendo mudar de direção ou imprimindo maior movimento.

No ato de pensar o sujeito cria o que denominamos de “fábula do empreendimento”, pois ele sai do seu mundo para adentrar a um outro inteiramente novo “imaginário”. O fato de se transpor para uma situação de possuir algo, “trabalhando por conta”, cria vastos turbilhões de imagens de realizações e situações em que gostaria de estar num futuro não muito distante. É o sonho de realizar, e mais, poder consumir até o topo da pirâmide das necessidades humanas, onde não há escolhas em função de escassez.

Não é possível deixar de admirar a amplitude deste imaginário, que engendra pensamentos inovadores e fecundos e o quanto são fiéis aos seus desígnios, sendo capazes de agir sobre, tornando-se “senhores e possuidores” de um empreendimento, não importando se a efetivação dessa realização é raramente tão feliz. O pensamento de buscar não um caminho – mas um ao lado de tantos outros – porém o caminho certo, aquele que vai se impor como o único legítimo capaz de escapar das incertezas, para conduzir a uma descoberta que leva a meta ambicionada, ou seja, o despontar de uma primeira certeza.

Chegamos, portanto, ao cogito de Descartes: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum), realizando-se o salto sobre o abismo que separa a subjetividade da objetividade, sucedendo-se uma visão clara da realidade, ou seja, tudo que for afirmado deverá ser firmado com a evidência plena do tipo “penso como empreendedor, existo como empreendedor” dando-se o desdobramento natural que leva a ação empreendedora, mas que, efetivamente partiu da faculdade de sentir, isto é, de receber e conceber as idéias sobre um empreendimento, mas que será totalmente inútil se não houver uma faculdade ativa, capaz de formar e produzir essas idéias.

O agir e ter são duas “faces da mesma moeda”. Agir é a dedicação empenhada de quem se põe na arte de empreender, ou seja, construir. Assim, o ato de empreender precisa de cultura, de conhecimento, de pensamento e de qualidade crítica, cujo aprendizado não é simples e tão automático, não podendo ser aprendido por osmose, ou seja, é necessário muito esforço e dedicação para ter, e então, possuir um emprendimento.

Continua na próxima edição.

Texto escrito pelo Consultor Jorge Brognoli

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